segunda-feira, 13 de abril de 2009

Velório de Xico Stockinger está previsto para as 8h no Margs

O velório do escultor Xico Stockinger, que morreu em casa na noite deste domingo, está previsto para as 8h de hoje no Museu de Artes do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (Margs). Aos 89 anos, o escultor austríaco, naturalizado brasileiro, dormia sozinho em seu quarto quando familiares perceberam, próximo das 21h30min, que ele falecera. A causa do óbito ainda não foi confirmada.
Xico tinha saúde frágil, sofria de diabetes e cardiopatias, mas não parecia disposto a morrer. Eram assombrosos tanto a sua disposição quanto o seu humor. Sobre as dezenas de safenas e mamárias que carregava no peito, gostava de repetir em tom de pilhéria:
— Sou uma Veneza.
A grande marca que ele deixa diz respeito, talvez em iguais medidas, à força de sua presença no cenário artístico do Rio Grande do Sul, à marca expressionista que ele ajudou a cunhar e à sua persistência como criador.
Nascido em Traun, na Áustria, educado em São Paulo, ele se iniciou na arte no Rio de Janeiro, mas escolheu Porto Alegre para viver e trabalhar. No Rio Grande do Sul, esteve ligado à fundação do Atelier Livre da prefeitura e à consolidação do Margs, atuou em diferentes frentes, sempre congregando e articulando grupos.
Como artista, trabalhando em diferentes linguagens, da caricatura à xilogravura, mas sobretudo na escultura (em bronze, pedra, ferro e madeira), foi figura decisiva na fixação de certa vertente da arte moderna, em especial aquela ligada ao expressionismo.
Ficaram célebres seus guerreiros que combinavam troncos de árvores e peças de ferro. Surgidos aos tempos da ditadura militar no Brasil, logo foram identificados como ícones da resistência.
Às vésperas de completar 90 anos, Xico mantinha-se fidelíssimo à urgência de produzir. Dedicava as manhãs e as tardes, diariamente, à lida com o barro, a pedra, a madeira, a cera, o gesso, os metais. À noite, desenhava. Não frequentava muitas festas (o vinho estava proibido pelo médico) e já evitava os vernissages.
Tinha sempre alguma tirada bem-humorada para comentar a surdez que lhe fazia companhia há quase meio século:
— Sou um surdo convicto.









É dele um dos conjuntos escultóricos mais famosos, instalado na Praça da Alfândega, em Porto Alegre: em pé, Carlos Drummond de Andrade lê para Mario Quintana.

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